domingo, 23 de dezembro de 2012

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Anda foda de pegar no sono. Colo a cara no travesseiro mas é em mim que eu afundo. O silêncio é mesmo um abismo sem fim, e no fim, é ai que eu tropeço.

sábado, 1 de setembro de 2012

Eu me lembro de quando eu perdi a cabeça


 É como se as pessoas vivessem imersas em um grande pedaço de merda, cercadas por moscas e podridão o tempo todo. Eu as vejo nadando, se lambuzando e engolindo merda. Cospindo, vomitando e engolindo de volta. Ninguém entende quando eu digo o quanto tô bem socada dentro de casa e distante de tudo. Nego acha que você tá assim por falta de opção, que te faz caridade quando insiste pra você sair e se meter no meio de um bando de gente que nem sequer te quer bem. Viver rolando na merda sem enlouquecer é que é foda.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

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Queria saber quantos vazios, quantas palavras duras e quantas ausências cabem em cada uma dessas luzes que nunca se apagam.

quinta-feira, 12 de julho de 2012



 Eu tento escrever sobre vazio, sobre o céu constantemente escuro, sobre as luzes que nunca se apagam, sobre o cansaço, sobre a perda de tempo, o excesso de tempo, a falta de tempo, sobre a dúvida, sobre a inquietação, sobre o mundo me engolindo, sobre essa paisagem cinza, morta, vazia, suja e cheia de merda, sobre as pessoas com suas cabeças explodindo do lado de fora das minhas paredes, sobre como eu me sinto constantemente perdida, encurralada, incerta e assustada, sobre como eu queria escrever e não consigo, sobre isso, sobre aquilo, sobre você... 
 Mas não dá. A única coisa que eu sinto é vontade de vomitar.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Em outra madrugada qualquer

 O homem mascarado aparece nesses dias de chuva inquieta e se convida a entrar. E atravessa a porta da realidade tocando suas canções oníricas frias, trazendo junto de si o vento tão mentiroso. Ele dança com a morte e recita seus poemas favoritos. E corta cabeças, e corta gargantas, e faz sangue jorrar e escarra dúvidas em mim. Como fugir do homem mascarado se ele sempre sabe onde estou? Como vencer o homem mascarado se seus dedos finos e frios estão sempre percorrendo a minha insegurança?
 Sem deixar cair a máscara, me pega pelas mãos e me  faz dançar sua valsa acinzentada. Ele sorri de lá do fundo de sua alma vazia como se tivesse motivos para tal e me guia rumo a uma incerteza quase infantil. E então ele se vai pela manhã, deixando um rastro de sonho no ar.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Enjoy the silence


 O mundo lá fora tá explodindo e eu tô aqui, trancado no meu quarto. Já falei como o céu está escuro? Deve ser por conta de todos esses urubus voando pra lá e pra cá com carcaças de tigres brancos pendurados em seus bicos. A janela tá emperrada, não vejo a luz do sol há dias. Ouvi no noticiario que ele vai se internar numa clínica de reabilitação, é viciado em cocaína. Eu bem que desconfiei.
 Há dois dias o meu cachorro não para de latir. Ele morreu na semana passada de ataque epiléptico. Pobrezinho.
 Esse quarto tá uma bagunça. Minha mãe reclama todos os dias, socando a parede e desvanecendo-se pausadamente logo após. É uma pena que esteja morta também.
 Tem um elefante no armário e um demônio embaixo da cama. Os convidei para tomar café, aqui é tudo muito quieto e solitário. Porque não podemos fazer dessa escuridão nossa casa?
 Quando acordar amanhã à noite, quero estar morto. Enquanto amanhã não chega, vou observar e analisar a forma como tenho me tornado uma úlcera dentro de mim mesmo, minuto após minuto.

 Já falei como o céu tá escuro hoje?