quinta-feira, 31 de março de 2011

Desabafo.


  Nem sempre é tão bom quanto se imagina.

  Ando sentindo falta de todo o verde do qual eu cresci ao redor. Onde eu morava havia uma floresta imensa da qual eu sinto falta de observar nas tardes em que o sol manchado de vermelho ilumina tudo e faz a gente hospedar a tristeza com um sorriso fraco no rosto. Agora, aqui no centro da cidade, tudo é frio e liso e cinza e sujo. O barulho dos carros e toda essa gente feia e morta que vaga por ai sem se dar conta de que já morreu, me faz dispensar o prazer que deveria ser olhar pela janela, como eu fazia nas manhãs pálidas e chuvosas do tempo em que eu podia me sentir no meio do mato embora não estivesse. O ar é grosso e pesado e nem de longe poderia ter o mesmo frescor e liberdade que tem o ar de lá. Falta o canto dos pássaros e a dança das árvores e os gritos do vento e a melodia da chuva. E essa porra toda, nem de longe pode ter toda a beleza que tinha o simples balançar do mato e das tímidas folhas das àrvores se despedindo do sol.
Tenho medo de ficar cinza e morta como esse lugar.

3 comentários:

  1. Não deixar que o esteriro afete o que somos por dentro. Todos sentimos falta de um toque de nossa infancia, não é? Lindo texto.

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  2. A flor de lótus, nasce em meio a lama , no meio do pantano, e mesmo assim, não se contamina com o que a cerca...
    Seria explêndido se conseguissimos esta façanha não acha?

    Otimo fds ;**

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  3. mas heim, como gostei disso tudo...é nas insonias repentinas que descobrimos o silêncio da madrugada escrita.
    beijos.

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